A conexão entre as habilidades sociais e emocionais
e a prevenção do bullying
O bullying é a forma mais frequente de violência escolar,
e é um problema generalizado em muitas escolas.
Três critérios distinguem o bullying de outros casos isolados de agressão:
1. Bullying é todo comportamento agressivo ou mal intencionado.
2. É realizado repetidamente e ao longo do tempo.
3. Ocorre dentro de uma relação interpessoal caracterizada por um desequilÃbrio de poder.
Um estudante é vitimado quando ele ou ela é o alvo repetido de deliberadas ações negativas por um ou mais alunos que possuam maior poder verbal, fÃsico, social ou psicológico.
O bullying direto é um ataque relativamente aberto, e pode ser fÃsico (bater, chutar, empurrar) e / ou verbal (xingamentos, ameaças, insultos, provocações maliciosas).
O bullying indireto é mais sutil e mais difÃcil de ser detectado. Trata-se de uma ou mais formas de agressão, incluindo o isolamento social, a exclusão intencional, espalhar rumores, prejudicar a reputação de alguém, fazer caretas ou gestos obscenos para alguém, e manipular amizades e outros relacionamentos.
As escolas podem tomar medidas especÃficas para criar interações mais positivas entre os alunos. Pesquisas comprovam que alunos com maiores habilidades sociais e emocionais são menos propensos a ser agressores, alvos, ou espectadores passivos em casos de bullying. Por meio de atividades de ASE, as escolas podem promover o desenvolvimento de competências sociais e emocionais nos seus estudantes para a prevenção do bullying.
Habilidades de Autoconhecimento e Autogerenciamento
Reconhecer e gerenciar as emoções a fim de responder a conflitos de maneira calma e assertiva
A fim de lidar com conflitos de forma eficaz, as crianças precisam ser capazes de reconhecer quando estão ficando com raiva, e aprender a acalmar-se antes de reagir. As crianças que frequentemente intimidam os outros tendem a ter problemas para controlar a raiva, e por isso atacam agressivamente. Crianças mais bravas são mais propensas a intimidar os outros. As crianças agressoras relatam que, entre os principais motivos para que pratiquem o bullying, está a necessidade de aliviar o stress (Swearer & Cary, 2007).
Pesquisas sugerem que quase 50% das vÃtimas de bullying respondem a intimidação de forma fortemente emocional, alimentando a agressividade introvertida e desejo de retaliação, o que prolonga e aumenta gradativamente o episódio de bullying (Wilton, Craig, & Pepler, 2000). Estas vÃtimas não possuem habilidades emocionais eficazes , e suas reações pedem ser gritar ou chorar em resposta, premiando dessa forma o agressor, que busca no outro exatamente esse tipo de reação para sua necessidade de sentir poder (Goldbaum et al, 2006;. Salmivalli, 1999). Gritar ou chorar são os meios menos efetivos de parar o bullying - pelo contrário, torna a vÃtima ainda mais vulnerável para a continuidade das agressões.
Consciência Social
Ser tolerante e saber compreender e apreciar as diferenças, interagindo de forma empática com os outros
Pesquisas sugerem que as crianças muitas vezes não têm empatia com as vÃtimas de bullying (Swearer & Cary, 2007). Quando pesquisadores perguntaram para os espectadores ativos ( crianças e jovens que protegem outros em casos de bullying) por que eles optaram por intervir e ajudar, os espectadores atribuÃram como fatores motivacionais para a intervenção sentimentos de empatia com a vÃtima e uma preocupação geral com o bem-estar coletivo. (Rigby & Johnson, 2006).
Habilidades de Relacionamento
Inicie e mantenha amizades e outros relacionamentos
Crianças vÃtimas de violência tendem a ter menos amigos - e esses amigos normalmente também são vÃtimas. Muitas dessas crianças e jovens são pessoas socialmente retraÃdas, com falta de confiança e de habilidades sociais de interação. Devido à falta de apoio de amigos, as crianças vitimizadas são menos propensas a ter alguém vindo em sua defesa quando sofrem bullying.
Ter amizades de alta qualidade, ou pelo menos um melhor amigo, pode ajudar a evitar que a criança seja vitimada. Intervenções que ajudam crianças rejeitadas a aprender como se comunicar melhor, e de forma positiva com os colegas (por exemplo, fazer perguntas, mostrar apoio, fazer sugestões), podem ajudá-las a ser mais aceitas pelos colegas (Pelligrini, 2002).
Defenda vÃtimas
Resista à pressão social e participe diretamente dos atos de bullying defendendo as vÃtimas
Estudos revelam que quando espectadores observam uma cena de bullying, eles passam a maior parte do tempo ou sem se mexer ou passivamente encorajando o agressor. Os espectadores atuam como uma audiência, o que estimula ainda mais o agressor. (O'Connell, Pepler, e Craig, 1999; Slaby, 2005).
Há uma variedade de razões que fazem com que os espectadores não deem assistência à s vÃtimas:
• Eles não têm um senso de responsabilidade pessoal ou auto-confiança formada
• Eles não sabem o que fazer para ajudar
• Eles se sentem de alguma forma intimidados pelo poder social ou fÃsico dos que estão realizando a intimidação
• Eles não reconhecem o ato como bullying
• Eles são relutantes em desafiar as normas do grupo que apoia o bullying
• Eles temem retaliação
É interessante notar que quando os espectadores fazer valer a sua desaprovação do ato de bullying, o episódio geralmente termina rapidamente. (Craig & Pepler, 1997; Salmivalli, 1999).
Seja capaz de procurar a ajuda de amigos ou de outros adultos quando necessário. As pesquisas na área apontam que as vÃtimas e os espectadores normalmente não procuram a ajuda de adultos quando eles são incapazes de resolver o problema por conta própria (O'Connell et al., 1999). As vÃtimas são particularmente propensas a culpar a si mesmas por sua vitimização e por isso "Sofrem em silêncio" (Graham, Bellmore, e Juvonen, 2006).
É importante que seja criada no dia a dia uma verdadeira relação de confiança entre estudantes e educadores. A criança precisa se sentir segura de que realmente vai ser ouvida e auxiliada com justiça. Tanto as vÃtimas quanto os agressores precisam de atenção direcionada, que os ajude a encarar e superar suas dificuldades emocionais.
Tomada de Decisão Responsável
Pense nas opções de resolução do problema
A resolução de problemas exige uma avaliação precisa da situação. Crianças que frequentemente intimidam, as que praticam bullying, tendem a interpretar mal as interações sociais - interpretam as relações de uma forma mais hostil, contraditória, ou provocativa do que seus colegas (Dodge, 1993). Essas crianças também tendem a ter crenças e referências mais embasadas no uso da violência. São crianças e jovens menos confiantes sobre o uso de estratégias não-violentas para resolver conflitos (Bosworth et al., 1999). Não surpreendentemente as relações familiares desses alunos tendem a ser cheias de conflitos fÃsicos e verbais.
A resolução de problemas exige uma avaliação das possÃveis e mais prováveis consequências para qualquer ato. Os jovens, tanto os que são vÃtimas do bullying quanto os que praticam a agressão, tendem a ser emocionalmente instáveis e a agir e reagir antes de avaliar quaisquer consequências.
Os agressores podem, limitadamente, considerar as consequências positivas a curto prazo do bullying para si, mas são menos propensos a considerar as consequências negativas de suas ações sobre os outros ou em seus próprios relacionamentos ao longo do tempo (Arsenio & Lemerise, 2001). Os alunos que cometem bullying são pouco propensos a reconhecer e considerar os efeitos que essas ações terão sobre as vÃtimas:
Eles não tem a habilidade de pensar no outro.
As vÃtimas na maioria das vezes não têm habilidades sociais especÃficas para lidar com os desafios da resolução do bullying. A grande maioria das vÃtimas emprega uma estratégia passiva, como evitar, consentir, ou ignorar o agressor, em vez de uma estratégia assertiva e eficaz, como falar com outros amigos para encontrar uma solução ou pedir ajuda de adultos (Wilton et al., 2000).